Eu, sonhei!
Que...
Era dia de festa no Marmanjal! Festa em louvor da Senhora do Monte da Mimosa!
Ou era uma encenação da via sacra!
Não sei bem!.. Mas acho que era a ultima! A encenação!
Sei que iam em procissão! Todos os confrades da zona Marmanja disseram presente, e lá iam eles vestidos a rigor com o respectivo traje. A confraria do Bródio, originária daqui do Pulo da Formiga, também... pois então! A Irmandade do Engonho, presente estava… com quase todos os seus elementos! Ninguém cantava, ninguém ria, ninguém assobiava, homem não tocava na mulher do lado e vice versa. Ninguém bebia, ninguém comia, ninguém bocejava, ninguém cobiçava. Tudo de cabeça baixa rezava... ou fazia de conta! Não havia banda, nem tão pouco fanfarra!
Ouvia-se um murmúrio ensurdecedor, das rezas em surdina!
Juan de La Cosa, o aspirante teimoso, foi o convidado para desempenhar o papel de J. Cristo. Aceitou, mas influenciado pelo seu conselheiro Zé do Junco!
A ideia de organizar esta íngreme subida em procissão ao Monte da Senhora da Mimosa foi da Confraria das Merendas do Marmanjal, (CMM) comandada pelo seu confrade Mor. Ia á frente ladeado pelos seus confrades, não iam trajados com a vestimenta da confraria, mas sim todos vestidos de soldados romanos. O grande papel do Confrade Mor era de General Romano (ou de Imperador!?), levando na mão direita um chicote. A lado dele iam mais militares, aspirantes a aspirantes, sargentos, majores e coronéis e até recrutas e alguns mancebos.
A ideia de organizar esta íngreme subida em procissão ao Monte da Senhora da Mimosa foi da Confraria das Merendas do Marmanjal, (CMM) comandada pelo seu confrade Mor. Ia á frente ladeado pelos seus confrades, não iam trajados com a vestimenta da confraria, mas sim todos vestidos de soldados romanos. O grande papel do Confrade Mor era de General Romano (ou de Imperador!?), levando na mão direita um chicote. A lado dele iam mais militares, aspirantes a aspirantes, sargentos, majores e coronéis e até recrutas e alguns mancebos.
Também marcavam presença os soldados rasos arvorados e os básicos que eram bastantes, todos inchados e achado-se importantes! Talvez por fazerem parte da confraria!
Três da tarde, sol de rachar, e lá ia o povo Marmanjo, ladeira acima em procissão. Todo o mundo marmanjo lá ia. Até a Maria Ranholas que veio de longe com os filhos, sobrinhos e enteados. A Maria Bolacha e a sua cadela também. Esta ainda não percebi o porquê da sua participação! O Rufino, também claro, não levou o cachorro, mas levava um palhinhas do melhor néctar pela mão direita! Este veio enganado pela prima! A Carminda prima do Rufino, apesar de não viver nesta zona marmanja, ainda tem uma costela de cá, lá ia ela ao lado do Sr. Prior, a verdade é que não falta a uma procissãozinha á Senhora da Mimosa! O filho do Torroguito, com os olhos fundos de mal dormidos de recém-casado com a afilhada da minha vizinha, até interrompeu as núpcias para estar presente. As secretárias das confrarias seguravam na mão os mastros das respectivas bandeiras! O Carlinhos Bezerra, lá estava, mesmo com um galo na careca, prenda que alguém lhe deu por ser cusco e ter metido o bedelho onde não era chamado. O Labregas do sindicato ia cambaleando talvez provocado pelos gases etílicos que lhe saíam das ventas, mais parecendo uma barata tonta á cata do palhinhas do Rufino! O afilhado do Grão Mestre também lá ia com a farda de serviço, calções tipo banheiro listados de verde e amarelo. Camiseta alaranjada com a cor comida pelo sol e suspensórios laranja, novinhos. A Vanessa, filha do Toino Torcato com vestido de chita e as alpercatas rotas, ia agarrada á saia da mãe, limpando com as costas da mão o nariz, que teimava em pingar. O “cota” do casado de fresco, com a sua dama ao lado comandava a Confraria do Bródio, cá do Pulo! Marcava a cadência á frente desta, todos paramentados a rigor e bandeirinhas na mão da nação a abanar. O Quebra Bilhas dono da tasca Quebra Bilhas, fechou o estabelecimento para estar presente. Até a Tia Miquelina, essa mesmo…a da tasca, foi á procissão coisa nunca antes vista! O Nélito homónimo do noviço, que há quem diga é um comunista pálido, mas ateu, lá estava, trocando de vez em quando, umas palavras com o professor Zeca Coruja. A professora dona Rosinha Clarete, que por acaso ás vezes é presidenta da Santa Casa, ía com um bando de miúdos e miúdas uniformizados, todos do jardim de infância da dita Santa Casa. Coisa fina mesmo. O avós estava lá todinhos e nem um ficou no lar! Iam em sacrifício monte acima com um boné na moleirinha que o sr. presidente lhes ofereceu! O azeiteiro Zé Ilídio resolveu sair da fila da frente e cochichar ao ouvido do sr. inginheiro Hélio Pavão, que não ia vestido de soldado nem na primeira fila! A dona Betinha a minha vizinha desquitada e madrinha da esposada do Torroguito júnior, descutia em voz baixa com o ti Manel Carrapeta porque este, distraído, não reparou que ela tinha parado e bateu-lhe nas costas no momento em que a procissão fez uma pausa (eu acho que ti Manel se aproveitou para…) A estudante, futura médica, filha do inginheiro Pavão, ia toda de branco, olhando para o céu e sonhando com o hospital que um dia iria montar no Marmanjal. O repórter retratista Lambe-Botas, todo orgulhoso, não perdia um ângulo bom para, com a sua Pentax analógica, fazer a história da terra, e deste magnifico momento.
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